Entre ontem e hoje consegui acabar de ouvir a gravação da última sessão de esclarecimento da Anaon.
Bom, teria tanto a dizer e a comentar...que não chegavam 2 páginas aqui do fórum...vou tentar ser "breve" e objectivo falando só dos pontos principais.
--- Mesquita Nunes (MN) e Sr.ª do turismo:
Por mais paradoxal que pareça, não há, em rigor, contradição entre o que o ex-secretário de estado escreve no comunicado que foi posto aqui no fórum há poucos dias e o que a Sr.ª do turismo disse no tal congresso de dia 1.
Na verdade, do texto de MN não se pode depreender que a liquidez internacional/modelo aberto à inglesa, fosse posto em prática logo a partir do 1.º dia em que isto começasse/começar a funcionar em Portugal. Cuidado com os jogos de palavras...
Isto de se dizer que "o modelo que temos em mente é o inglês e dinamarquês" e que "sempre trabalhámos para isso", não entra em contradição com o que diz a sr.ª do turismo.
Ela também diz que o objectivo é o modelo inglês, só que deu a entender que numa 1.ª fase pode ser o "modelo francês"...Mas quem nos diz que com MN no governo não se passaria por uma fase intermédia?
Note-se que não tenho nada contra nem a favor de qualquer deles, quero é a liquidez internacional o mais rápido possível.
No final da gravação da sessão de esclarecimento falou um user mais ligado ao poker (não consegui perceber o nickname dele), e disse (entre outras coisas que também achei relevantes, como a questão da lei e regulamentos serem omissos) mais ou menos isto que eu digo acima, acrescentando que tudo pode não passar dum mal entendido, o que eu concordo, pelo menos até ver tudo muito bem esclarecido por parte do turismo.
Note-se que a sr.ª do turismo, quando questionada, e se não for ela a tomar a decisão final, pode ter recorrido a uma resposta que dê "para os dois lados", e com base no que tem de "concreto em cima da mesa" (veja-se ponto seguinte).
Mas isto já é especulação...como também pode ser a questão do discurso poder ter mudado depois da mudança do governo.
--- Scml
Já na sessão de esclarecimento de dia 15 de setembro, da qual também ouvi a gravação, e nesta última também, a Anaon referiu que considera o mercado das apostas fisícas (
placard) disjunto do mercado online e do trading, que são públicos alvo distintos. Concordo, mas...
Disse também que a o jogo da scml beneficiaria com a entrada de players internacionais, pois daria mais visibilidade/ publicidade às apostas em geral. Concordo, mas...
Creio que muitos de nós já notámos que há uma forte relação entre os jogos santa casa e a sua congénere francesa "française des jeux" - os logotipos até são quase iguais. mudando as cores... (e os responsáveis da scml já referiram a relação com a française des jeux).
Será que isto tem alguma coisa a ver com o facto do "modelo francês" aparecer "em cima da mesa" do turismo??
Vamos ao "mas...":
Como já ficou demonstrado, até por alguns posts e tópicos criados aqui neste fórum, depois do "blackout", que há mesmo alguns traders que, não tendo outra coisa, acabam por usar o
placard - mal ou bem, fazem-no.
E se aparecem aqui alguns a escreverem isso, com certeza que significa que existirão mais que também o fazem, mas não escrevem aqui...
Portanto, acho que sim, que os públicos alvo são diferentes, mas...
Não sei se o acréscimo para o
placard é "apenas marginal"...Se adicionarmos aqui mais umas potenciais razões mais mesquinhas (que não vou esmiuçar...), podemos ter um player contra os nossos interesses.
--- Casinos:
Mas o lobby, se calhar tão ou mais importante que a scml, nesta questão da liquidez internacional, seja o dos casinos, como um user ("capp" se não me engano) escreve num post acima deste.
E o objectivo pode até ser mais o poker que as apostas.
Possivelmente acham que ganham mais (mesmo tendo o mercado só dos jogadores portugueses) tendo o mercado fechado, quer através das mesas de jogo físicas nas salas dos casinos, quer no online.
Não sendo eu um especialista em poker, não sei até que ponto isto é real ou não, e não sei até que ponto os casinos ganham mais com um mercado fechado.
Mas do ponto de vista de receitas de impostos (deverá ser esse o argumento da Anaon), creio que o estado ficar a perder com o mercado fechado.
--- "Fazer barulho"/comunicação social
Já em vários posts, noutro tópicos mas também relacionados com o processo de legalização das apostas, eu, como outros, referi que a Anaon podia "protestar" mais publicamente. Na gravação da sessão de 15 de Setembro, percebi que a estratégia da Anaon é mais "esgotar todas as vias normais de comunicação antes de protestar".
Mas uma coisa não invalida a outra! Tudo depende do que se entende por fazer barulho e protestar.
Por exemplo: se se enveredar por pôr processos na justiça, isso atrasa mais do que adianta, devido à morosidade desta, como foi referido nesta gravação.
Mas pode-se usar uma técnica que se vê em muitos lados: vir a público dizer de "nossa justiça" de forma firme, e manter uma postura cordial e construtiva nas reuniões com os organismos oficiais.
Já disse antes, doutra forma, é preciso criar "awarness" (até para explicar o que é o jogo online e combater a ideia dos "viciados"), e não ir só à comunicação social quando se é chamado. Para isso se calhar a anaon precisava de delinear uma estratégia comunicacional (já desde, pelo menos, o início do processo), e para isso o melhor era trabalhar com uma agência de comunicação.
Agora se isso tem custos...compreendo a limitação...mas acho que é uma ideia a pensar.
- Outra coisa que, estranhamente, não oiço falar é uma petição pública, daquelas online. Se a anaon não conseguir clarificar isto da liquidez como sendo mesmo internacional, será de pensar em se fazer uma.
Creio ser possível chegar a números muito elevados de assinaturas...e pondo isso público e explicando nos media, os organismos públicos "sentem".
Teria ainda muito que falar sobre estes e outros temas, mas isto já está enorme.
Bom trabalho e boa sorte.
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