Em 2024, o ténis masculino vai passar por uma transformação notável com a introdução do salário mínimo para os tenistas que se posicionam entre os 250 melhores do ranking ATP ao término do ano.
A Associação de Tenistas Profissionais (ATP) apresentou este novo projeto, denominado "Baseline" (ou Linha de Fundo), visando, não apenas garantir um padrão salarial mínimo para estes atletas, mas também proporcionar uma base financeira mais estável.
O objetivo é, não somente assegurar uma remuneração base, mas também oferecer salvaguardas contra eventuais lesões e criar fundos de apoio para os tenistas emergentes que procuram estabelecer-se no circuito competitivo internacional.
O programa de apoios vai ser lançado no próximo ano e será testado durante três épocas.
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Estrutura de Subsídios do Programa "Baseline"
- Ganhos Base Garantidos
- Jogadores no Top 100 que terminam o ano com prémios monetários inferiores aos estabelecidos vão receber 300.000 dólares (cerca de 277 mil euros).
- Para aqueles que se situam entre as posições 101 e 175, a compensação está fixada em 150.000 dólares (138 mil euros).
- Jogadores que ocupam as posições compreendidas entre 176 e 250 receberão 75.000 dólares (69 mil euros), desde que os seus ganhos estejam abaixo desse limite.
Por exemplo:
Olhando para os atletas portugueses em 2022, Frederico Silva teria sido o único beneficiário deste novo esquema, tendo terminado o ano na posição 201 do ranking ATP, com ganhos de 68.806 dólares, abaixo do limiar estabelecido.
Tenista português - Frederico Silva.
- Proteção em caso de lesões
O programa "Baseline" vai além de apenas garantir um salário. Pretende dar apoio financeiro aos jogadores que, por lesões, competem em menos de nove torneios ATP e Challenger numa temporada.
A assistência varia consoante a classificação do jogador:
- Top 100: 200.000 dólares (185 mil euros).
- Posições 101 a 175: 100.000 dólares (92 mil euros).
- Posições 176 a 250: 50.000 dólares (46 mil euros).
- Apoio Tenistas Emergentes
Adicionalmente, a ATP tem um fundo de 200.000 dólares destinado a jogadores que atingem o top 125 pela primeira vez. Esta medida visa facilitar o investimento na carreira dos atletas.
O que motivou esta medida?
O mundo do ténis é muitas vezes percecionado apenas através das suas estrelas e dos torneios do Grand Slam, esquecendo-se de que muitos atletas fora do top 100 lutam financeiramente. A situação tornou-se ainda mais precária com a pandemia e a suspensão dos torneios.
Um exemplo flagrante é o de Gastão Elias, que revelou despesas de 1.265 euros para um torneio, tendo ganho apenas 350 euros.
Este panorama mostra a discrepância existente no ténis, onde o número 1 mundial e o número 120 vivem realidades financeiras drasticamente diferentes. Esta lacuna levou à criação da Associação dos Jogadores Profissionais de Ténis em 2020.
A ATP parece agora ter reconhecido a necessidade de agir, introduzindo medidas para garantir um rendimento mínimo aos jogadores, numa tentativa de criar um ambiente mais equitativo.
Vantagens
- Estabilidade Financeira para Jogadores Emergentes
O programa procura garantir que os tenistas que estão fora do topo, mas ainda entre os 250 melhores, tenham um suporte financeiro estável. Isso é essencial, já que muitos desses jogadores enfrentam desafios financeiros significativos, especialmente quando não conseguem ganhar prémios monetários em torneios com regularidade.
- Incentivo para Continuar a Carreira Profissional
O ténis é um desporto desafiante em termos financeiros para aqueles que não estão no topo. A introdução de um salário mínimo pode motivar mais jogadores talentosos a prosseguir e continuar uma carreira no ténis profissional.
- Proteção Contra Lesões
Além do rendimento mínimo, o programa oferece proteção financeira para jogadores que, por motivos de lesão, não conseguem competir num número mínimo de torneios durante uma temporada.
- Apoio a Jovens Talentos
Uma bolsa é oferecida a jogadores que alcançam o top 125 pela primeira vez, ajudando-os a investir mais na sua carreira na temporada seguinte.
- Foco no Desenvolvimento do Jogo
Ao aliviar a pressão sobre as preocupações financeiras, os jogadores podem concentrar-se mais no desenvolvimento das suas habilidades e na melhoria da sua técnica, em vez de se preocuparen constantemente com despesas e finanças.
Carlos Alcaraz, número 1 no ranking global ATP.
Desvantagens
- Possível Impacto na Estrutura de Prémios
A implementação de um salário mínimo pode, potencialmente, influenciar a estrutura de prémios nos torneios, o que poderia afetar a motivação dos jogadores em determinados níveis.
- Seleção e Critérios
Determinar quem é elegível para tal salário, especialmente quando se baseia em vários critérios, pode levar a controvérsias ou sentimentos de injustiça entre os jogadores.
- Sustentabilidade Financeira
Dependendo de como o programa é financiado, pode haver preocupações sobre a sustentabilidade financeira a longo prazo do ATP e dos seus eventos associados.
- Possíveis Reações Negativas de Outros Stakeholders
Alguns stakeholders, como patrocinadores, organizadores de torneios ou mesmo fãs, podem ter opiniões divergentes sobre o programa, o que poderia levar a tensões ou conflitos.
- Impacto no Espírito Competitivo
Embora o programa procure apoiar jogadores em dificuldades, alguns podem argumentar que ele poderia reduzir o espírito competitivo, uma vez que os jogadores poderiam sentir-se menos pressionados para dar o máximo em cada torneio.
O que muda?
Em síntese, a proposta de um salário mínimo para os jogadores entre os 250 melhores do circuito ATP pode ser benéfica ao dar suporte aos atletas de ranking mais baixo.
No entanto, surgem questões acerca do impacto no modelo meritocrático e na estabilidade financeira do desporto. Alterações dessa magnitude necessitariam de uma avaliação meticulosa e do envolvimento de todos no mundo do ténis profissional.
Acompanha o impacto que a medida "Baseline" da ATP vai ter no Ténis ao longo dos próximos anos.
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