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Carga fiscal predatória no jogo online em Portugal

Carga fiscal predatória no jogo online em Portugal

No início de Junho de 2017, o SRIJ publicou o primeiro relatório da Atividade do Jogo Online em Portugal. Numa primeira análise tudo parece correr bem, mas... a este ritmo, os operadores não podem aguentar muitos mais anos.

por Academia   |   comentários 0
quarta, julho 19 2017

Em 2 de Junho de 2017, o SRIJ publicou o primeiro relatório sobre o jogo online legal em Portugal.

Na sua introdução, a comissão de jogos referia:

"Estamos cientes do muito que ainda há a fazer e que enfrentamos grandes desafios, decorrentes principalmente de esta ser uma atividade vulnerável às alterações tecnológicas e de mercado, que surgem a um ritmo bastante rápido, a que acresce a circunstância de a mesma ter um caráter transfronteiriço, o que nos coloca perante matérias muito sensíveis que têm de ser acauteladas.

Este novo regime está em reavaliação desde a data de emissão da primeira licença e durante o prazo máximo de dois anos, ou seja, até maio de 2018. Esta é uma das suas principais virtualidades, porque permite avaliar os resultados da aplicação do regime vigente e propor alterações que se justifiquem em função da análise efetuada e dos indicadores do mercado."

Respondendo a esta mensagem, os apostadores portugueses querem que o regulador perceba que é mesmo necessária essa revisão, uma lei em que apesar de isentar o apostador de impostos diretos, não é uma boa lei, já que o apostador é o principal prejudicado..

Como tentaremos mostrar mais à frente, o Estado procurou regular uma actividade em que existem dois intervenientes, os apostadores e os operadores de jogo. Essa regulação é positiva na medida que protege o apostador e dá alguma certeza ao operador. O que o Estado se esqueceu é que uma regulação serve para regular e impedir injustiças, numa boa regulação o Estado não se pode portar como o verdadeiro operador de jogo, onerando as empresas licenciadas com impostos abusivos que no final de contas quem paga são os apostadores.


Voltando ao relatório.

É muito interessante verificar que temos várias análises nesse mesmo relatório, o total de Imposto Especial de Jogo Online cobrado e total de receita bruta dos operadores, temos também o total de receita bruta de jogos de fortuna e azar e o total de receita bruta nas apostas desportivas à cota. O que não existe, e na verdade era muito importante para a análise, é o total do IEJO dividido entre jogos de fortuna e azar e apostas desportivas à cota.

jogoseapostasonline


A partir destes dados, foi imediatamente publicitado na comunicação social, que o Estado arrecadou já perto de 40 milhões de euros em imposto com o IEJO.
Aparentemente podemos retirar daí algumas informações:
  1. um imposto de 40 milhões de euros numa receita bruta de 83 milhões de euros parece ser bastante elevado;
  2. sendo o imposto progressivo numa base anual, para o ano (incompleto) de 2016, um imposto de cerca de 31 milhões de euros numa receita bruta de 51.4 milhões é ainda mais elevado;
  3. o peso do IEJO das apostas desportivas à cota na receita bruta é aparentemente muito superior ao peso do IEJO nos jogos de fortuna e azar, uma vez que no caso deste o valor máximo é de 30%

Certamente que podíamos fazer uns cálculos, usar as receitas brutas totais e receitas brutas por tipo e tentar perceber o peso total do IEJO nas apostas online, mas podemos fazer um estudo muito mais simples com base em dados da empresa Betclic.

A Betclic foi a primeira entidade a receber uma licença de jogo em Portugal, começou a operar em 25 de Maio de 2016 e já passou por outros licenciamentos europeus. É uma empresa que com a sua experiência sabe que há variantes que não permitem uma empresa ficar num mercado muitos anos. No caso português, ou a base de incidência de imposto é alterada ou é muito difícil os operadores de apostas desportivas aguentarem mais do que 3 a 4 anos.

A Betclic afirma que com estes impostos não poderá aguentar muito mais anos no mercado Português.


Olhando para a oferta de jogo online num país, podemos encontrar vários tipos de operadores:

  1. operadores sem licença, que não estando regulados são um enorme risco para o capital e segurança do apostador
  2. pequenos operadores com licença
  3. grandes operadores com licença


Porque motivo é necessário distinguir grandes operadores dos pequenos operadores?

Uma vez que o imposto é sobre o volume de apostas e progressivo, os grandes operadores acabam por pagar taxas médias maiores de imposto.

Podemos ver essa progressividade na figura seguinte:

jogoseapostasonlineprogressividade


Antes de continuar a análise, relembramos mais uma vez, que um operador que conscientemente oferece jogo online em Portugal, sem concorrer à licença é sempre um operador do qual o apostador deve desconfiar. 

Como podem ver na figura, cada vez que um apostador faz a sua aposta, a casa paga um imposto (o IEJO), que é progressivo: quanto mais recebe em apostas, maior é a percentagem de imposto que paga.

Um pequeno operador começa com uma taxa média de IEJO de 8% e à medida que se torna um grande operador, essa taxa média aproxima-se cada vez mais dos 16%.

Na sua análise, a Betclic teve como base que os operadores necessitam de uma margem de 5% no volume de apostas para sustentar a sua operação. É um número meramente indicativo que ajuda a perceber o efeito que as margens tem nas odds (cotas).


Para essa margem, um operador que não pague impostos, pode oferecer as seguintes cotas:

unlicensedoperator

 
Um pequeno operador terá obrigatoriamente que oferecer cotas mais baixas:

pequenooperadrocotas


Derivado da progressividade do imposto, um grande operador, terá, por norma, que oferecer cotas ainda mais baixas!

grandeoperadorcotas

 
Reparem bem no caso deste grande operador, de toda a margem, o Estado fica com 75% e o operador 25%. Desses 25%, o operador precisa ainda pagar toda a operação, funcionários, servidores, marketing, estrutura, licenças.


Então, no que concerne ao imposto sobre as apostas desportivas à cota, qual o efeito deste imposto para o mercado?

  1. O Estado está a criar desigualdades entre grandes e pequenos operadores
  2. O Estado está a obrigar os operadores a transferirem o imposto para os apostadores
  3. O Estado não está a cumprir a sua obrigação de trazer o máximo possível de apostadores para um mercado regulado em que estão protegidos de operadores abusivos

Segundo o mesmo estudo, se os operadores não estiverem dispostos a perder dinheiro com a operação, como ficam as odds do mercado?

escolhadeoperadorodds


Relembramos que estamos perante um estudo teórico e que as odds podem variar conforme os operadores tenham capacidade de aguentar prejuízo durante um certo período ou até mesmo usar o lucro de outros jogos licenciados para pagar a perda potencial na oferta de apostas desportivas à cota.

E não podemos deixar de lembrar, mais uma vez, que um apostador que opte por um operador não licenciado perde toda a capacidade de proteção que a regulação oferece. Acrescentando a isto, que apostas em operadores não licenciados são completamente ilegais em território nacional.


Há outros dados interessantes que não estão em nenhum dos estudos mas que podemos acrescentar à discussão:

  1. apenas um mercado competitivo, com boas odds, pode ter um peso de apostadores em operadores regulado que seja aceitável
  2. na generalidade, se o imposto for sobre a receita bruta, em vez de ser sobre o volume de apostas, os operadores conseguem concorrer com as mesmas odds que operadores não regulados, até um imposto máximo de 20%
  3. a maioria dos países europeus cobra imposto sobre a receita bruta, nomeadamente, Bélgica, Bulgária, República Checa, Dinamarca, Grécia, República Checa, Espanha, Reino Unido...
  4. alguns países europeus optaram numa primeira fase por imposto sobre o volume e estão neste momento a mudar para imposto sobre receita bruta ou pelo menos a pedir que essa alteração exista, casos de Itália e França.
  5. Portugal é o único país onde o imposto é ao mesmo tempo sobre o volume e progressivo

Recentemente, a ANAon lançou uma petição em que pedia que a base de incidência de imposto fosse alterada. A mesma pode ser consultada AQUI.

Aguardamos pelos vossos comentários, mas, fica a nossa pergunta: na tua opinião, o IEJO sobre as apostas desportivas à cota é predatório?

 

betclic, iejo, srij

Comentários (19)
  1. joaogloria1975 23 jul 2017 - 22:24
    VERGONHA.
  1. Zeca51 24 jul 2017 - 10:26
    Bom dia.
    Para o Estado, tudo o que tem a ver com a palavra "jogo" é sinónimo de vicio, dependência, imoralidade!
    Assim, o Estado, arvora-se num arauto das virtudes cívicas e vai daí toca a taxar os "vícios" e os "viciados" que não podem barafustar qual cambada de escravos amordaçados pelas suas imoralidades.
    Pelo caminho mantém uma entidade, "Santa Casa", que explora estes "vícios" (pese embora a obra meritória que a "outra", santa casa, efetua neste país).
    Com o aparecimento do Jogo On-line tudo isto ficou posto em causa, já não passando pelo crivo do patrão "Estado" o controlo dos "vícios".
    Mas... agora inventaram uma lei!

    Como é óbvio regular as apostas desportivas (maioritariamente on-line), está a revelar-se uma tarefa bem difícil. Tal assim é porque o objetivo, que tentam esconder, é o lucro, e apenas isso.
    Protege o apostador? regula o mercado? traz moralidade ao setor?
    NÃO ME PARECE.

    ... porque o regulador é o legislador e é o publicano (cobrador de impostos)!
    Claro que a carga dos impostos é enormíssima e no fim quem paga é o "viciado"! ... de caminho ficam algumas casas sem condições de operar (azar), porque haverá sempre a bendita "Santa Casa"!
    Obrigado.
  1. pffernandes 24 jul 2017 - 20:16
    joaogloria1975 escreveu:
    VERGONHA.
    concordo 100% só querem o guito da malta , vicio e muita manipulação garante que estado e santa casa ganhem milhões ,é só ver para o perfil dos apostadores no placard , oferecem dinheiro a pensar que estão a jogar no euro milhões ,
      UM DIA ACERTO UM ACUMULADOR COM 1 EURO PARA 5000 É CONTINUAR A TENTAR   
  1. Guerreiro 26 jul 2017 - 11:50
    Depois deste tempo todo parado e na expectativa de que as coisas melhoram e nada ver nesse sentido, tomei uma decisão. Vou regressar às apostas, ao trading, ao que eu dominei "trading adaptado", isto é, fazer trading sem utilizar o geeks e outros similares (isto pq não dá). Nesta fase ainda estou numa fase de adaptação, mas que dá, dá. Perguntam vcs se é em casas a operar em Potugal? E eu respondo,NÃO, se é assim que o estado quer, eu faço-lhe a vontade.
    É triste ver um país na mão de chulos e mafiosos que nada fazem para que o país cresça, que nada fazem para proteger os seus cidadãos. Falarem em vício do jogo? Dá vontade de rir, é ir a qualquer café, bombas de combustível e outros lugares que vendem as raspadinhas e verem quem é que as compra e que as mesmas esgotam a uma velocidade impressionante.

    Bem haja
  1. scplions 29 jul 2017 - 08:06
    Este país é ridículo em termos de jogo. Eu irei continuar a apostar na Betfair inglesa através de subterfúgios. Alimentam esta fuga de dinheiro do país sem se aperceberem que lucravam muito mais em manter casas como a Betfair, Bet365 e similares a operar aqui com legislação decente. O problema é que dessa forma o Placard morria ou ficava à beira da extinção. O que importa é continuar a zombificar o tuga com promessas de oásis no meio do deserto. Raspadinhas? Ainda ontem um agente Santacasa me contou que foi abordado pelos filhos de uma idosa que lhe pediram para não lhe vender mais jogo pois ela ia levantando no MB a reforma para gastar em raspadinhas. É isto que o Estado quer? Que criem uma lei responsável pelo jogo online porque em breve nem Betclic nem Bet.pt irão existir.
  1. o_carasco 29 jul 2017 - 08:41
    Li por aqui, à algum tempo, comentários em que se dizia,- por membros da associação de apostadores- que a "lei era boa" . Todo o raciocinio era desenvolvido partindo desse presoposto.

    Passados 2 anos, confirma-se a sua analise. Todos podemos verificar como a lei não só é boa, como  é PERFEITA!

    Ou se não verifiquemos:

    Apostas cruzadas com liquidez internacional- está na gaveta.

    Apostas à COTA temos licenciadas a casa dos "manos oliveira"  e o Casinos de Portugal (com 1 ou 2 jogos por semana, de fut). Brevemente aparecerá a casa que é SANTA e pronto.! A lei está PERFEITA foi mesmo  à medidinha do que esses cavalheiros precisavam.


    Agora mais a sério ; ainda não se cansaram de deitar dinheiro fora? 
    É que se alguém conseguir com esta "LEI PERFEITA" ganhar algo  que dê  para mais que  uma cerveja e tremoços... poderia deixar umas dicas ao pessoal.

    Saudações
  1. joaogloria1975 29 jul 2017 - 14:28
    Quem  foi para a televisão a dizer que ganhava milhões !!!!!! Agora já não vai lá !!!!!!
  1. adec_12 01 ago 2017 - 17:32
    A julgar pelos cavalos, bem podemos esperar...
    https://www.dinheirovivo.pt/economia/cavalos-uma-aposta-que-pode-valer-825-milhoes/
  1. SoccerNinja 02 ago 2017 - 11:52
    Na República Checa a lei foi um sucesso. Referem que conseguiram um bom aumento da receita fiscal, desde que a nova legislação entrou em vigor. Dados da Gambling Compliance.